Lixo de confecção e garrafas PET
são matérias-primas de cueca 'rústica'.
Redução de impacto ambiental é o
apelo do produto, diz dono da fábrica.
Você usaria uma cueca
samba-canção feita com restos de garrafa pet e lixo de confecção? A aposta de
uma confecção de lingerie masculina é que a consciência ambiental dos homens
seja maior que a desconfiança e eles usem cuecas recicladas – e até as comprem
pela internet, sem conhecer o tecido. "Usamos lixo de tecido, que volta em
forma de tecido novo", diz o dono da empresa, Renato Adissi.
A estratégia de convencimento da
empresa é a aparência "rústica" e a consciência de que garrafas pet e
restos de tecido poderiam estar no lixo, gerando passivos ambientais, mas estão
tendo novo uso. "Acho demais, bem diferente e tem um toque muito
gostoso", garante Adissi, que espera vender 5 mil peças até o fim do ano –
"um mercado exclusivo".
Segundo ele, a New Capitain é a
única empresa do país a fabricar esse tipo de cuecas samba-canção, que poderão
ser compradas na loja online da marca e em revendedoras de lingerie. Ele
explica que 70% das fibras do tecido vêm das garrafas pet e os outros 30% vem
dos restos de tecido de confecção, que são desfibrados – ou seja,
desconstruídos – e viram um outro tecido. "É um ciclo sem fim, por isso é
ainda mais sustentável", diz Adissi, que também vende os retalhos da sua
produção por cerca de R$ 15 a
tonelada.
Cueca Subsidiada
Fazer uma cueca reciclável é mais
caro que uma com tecido 100% novo, mas o preço mais alto não chegará ao
consumidor, diz Adissi. O motivo é o processo, que começa com a recolha das
garrafas pet por catadores, envolve a compra de retalhos em diferentes
confecções, e depende da separação dos tecidos e das garrafas por cor e da
desfibração dos restos de tecidos. O preço do produto será de R$ 78 por duas
cuecas (anteriormente a empresa havia divulgado que esse era o preço de um
cueca). Segundo Adissi, a empreda "está subsidiando o custo para divulgar
o produto".
A New Capitain é uma fábrica de
roupas masculinas que existe desde 2009, no Brás, em São Paulo e fatura cerca
de R$ 600 mil por ano. O investimento no nicho ecológico começou há dois meses.
Além das cuecas, camisetas e bermudas são fabricadas com o mesmo tipo de tecido
reciclado.
As vendas da linha começam depois
da Feira Premiére Brasil, onde os produtos serão apresentados. O evento
acontece entre os dias 4 a
5 de julho, em São Paulo.