A ameaça de censura ao comercial com ela rodou o mundo. Só que, no anúncio, o objeto é o homem...
Ruth de Aquino, ÉPOCA
Certo ou errado? Gisele Bündchen,
de lingerie e salto alto, seduz seu homem (e os nossos também) no comercial de
TV. A modelo dá más notícias para o marido. “Amor, mamãe vem morar com a
gente.” “Estourei seu cartão de
crédito.” “Bati com seu carro.” Gisele
séria, de vestido comportado. E sensual, de calcinha e sutiã.
“Você é brasileira, use seu
charme”, diz a publicidade. A Secretaria de Políticas para Mulheres (SPM) do
governo Dilma achou a mensagem “preconceituosa e discriminatória” e quer tirar
Gisele do ar.
Desconfio que a Hope, marca da
lingerie, tenha contratado as mulheres de Dilma para bombar a campanha. O
anúncio com a modelo mais bem paga do planeta virou uma sensação. Em inglês,
francês, italiano, espanhol. A ameaça de censura do governo rodou o mundo.
Vídeos legendados em diversos idiomas mostram Gisele no duplo papel. A esposa
recatada. E a gata provocante. Tudo para vender lingerie... para as mulheres.
Acho o anúncio divertido, leve,
maroto. Não me senti ofendida. E olha que sou chefe de família, como 30% das
brasileiras. Fico boba com a falta de humor e rebolado da tal secretaria do
governo.
A nota de repúdio ao Conar,
conselho que regulamenta a publicidade, usa uma linguagem pesada como a burca.
Inspire. “O anúncio reforça o estereótipo equivocado da mulher como objeto
sexual e ignora os grandes avanços alcançados para desconstruir práticas e
pensamentos sexistas.” Expire. Conseguiu ler até o fim?
Ah, falta explicar que o governo
recebeu 15 – quinze! – queixas de telespectadores indignados com a publicidade.
Uma multidão. Por isso, a ministra Iriny Lopes foi à luta contra a lingerie
incorreta.
Que tal uma teoria inversa? O
anúncio na verdade mostraria o homem como objeto de manipulação das mulheres e
não o contrário. O homem é um tolo que cai de quatro para o poder da sedução
feminina. Em vez de macho fulo de raiva com o cartão de crédito estourado, o
carro batido e a vinda da sogra, o marido invisível se submete, dócil, ao
charme de sua mulher.
Fonte:http://oglobo.globo.com/
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