sexta-feira, 1 de abril de 2011

A Victoria's Secret Brasileira

 

A fabricante de lingeries Hope vai dobrar o número de franquias em 2011. E contará com a ajuda da modelo Gisele Bündchen, ex-garota-propaganda da grife americana

Quando chegou a São Paulo, vindo de Belém, a capital do Pará, o libanês Nissim Hara, então com 29 anos, resolveu investir o “dinheirinho” que havia acumulado nos cinco anos em que tocara um negócio de transporte de alimentos na região Norte em uma pequena confecção de lingeries, batizada de Hope.

Instalou-a no Brás, tradicional bairro fabril de São Paulo, onde estão atualmente localizadas dezenas de confecções. Hara começou vendendo sua produção para as lojas das proximidades. Mais de quatro décadas depois, seu pequeno empreendimento ficou conhecido como uma das mais tradicionais marcas de calcinha do País.


Com faturamento de R$ 170 milhões em 2010 e 1,2 mil funcionários, a companhia se aproxima do modelo de negócio da grife americana Victoria's Secret, famosa por vestir suas lingeries em desfiles com beldades internacionais e nacionais, como Adriana Lima e Gisele Bündchen.

Não por acaso, é Gisele Bündchen quem, desde maio de 2010, estrela as campanhas publicitárias da Hope. “Toda mulher quer ser linda e sofisticada. E Gisele representa a sofisticação”, disse Hara, hoje com 74 anos, à DINHEIRO. “Infelizmente ainda não a conheci, mas vai acontecer em maio. Antes, claro, tenho de me exercitar e ficar bem bonito”, brinca o empresário.

Com o apoio da top model, a Hope espera aumentar  seu faturamento em  40% em 2011. Para atingir essa meta, a empresa traçou um plano ousado. Desde 2005, quando entrou no mercado de varejo por meio de franquias, a companhia montou uma rede com 55 pontos de venda no Brasil.

Em 2011, a ideia é mais do que dobrar o tamanho alcançado nos últimos seis anos, abrindo mais 60 novas lojas. “A batalha agora é para firmar nossa presença no varejo”, afirma Hara. Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e alguns Estados do Nordeste são os principais candidatos a receber lojas da marca de lingerie. Outra novidade: a Hope vai estrear no comércio de rua.  

A primeira  loja será inaugurada em julho em Juiz de Fora (MG). “Só temos lojas em shoppings”, diz Carlos Eduardo Padula, diretor comercial da Hope, recrutado na fabricante de meias e lingeries para crianças Puket para tocar o dia a dia da companhia.



Até agora, cerca de R$ 300 mil foram gastos na contratação de consultores para elaborar o novo projeto, já que o modelo do negócio na rua é distinto. “Não posso simplesmente trazer a loja do shopping para fora”, diz Padula.

Das 60 novas lojas, dez serão localizadas fora desse tipo de centro comercial. De acordo com Padula, o  investimento necessário para abrir uma franquia da marca oscila entre R$ 350 mil e R$ 1,5 milhão, dependendo do ponto.

A Hope investiu também R$ 4 milhões na compra de máquinas e na modernização dos sistemas do parque industrial de Maranguape, localizado a cerca de 40 quilômetros de Fortaleza (CE).



Além de ampliar a capilaridade, a Hope também aposta na diversificação do mix de produtos. No fim do ano passado, por exemplo, a companhia incluiu uma linha de cosméticos no seu portfólio. Coincidência ou não, a Victoria’s Secret também vende cremes e perfumes. As semelhanças não param por aí.

O público-alvo das duas companhias é muito parecido: mulheres entre 15 e 35 anos pertencentes às classes A e B. Ambas também enveredaram pela moda praia, com biquínis e maiôs. Mas há diferenças.

“Embora atuem em categorias similares, o produto é distinto”, diz Ellen Kiss, professora da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). “Enquanto a Victoria’s Secret se posiciona para vender moda, a Hope aposta em modelos mais confortáveis.”

Nos Estados Unidos, a Victoria's Secret não é propriamente conhecida como uma marca de luxo. Apesar de seus modelos desfilarem com peças cravejadas de diamantes, a empresa vende lingeries por US$ 10 (cerca de R$ 17), valor semelhante aos modelos mais baratos da Hope.

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